terça-feira, 13 de março de 2012







"Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos."
E abandonar os quebra-cabeças e buscar um outro direcionamento de vida, é o que eu preciso.
Fernando Pessoa.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Uma carta em desespero por J. Kelav.

"Querida Carole,
Eu nesse momento venho de novo entregar-te toda a minha amargura verbalizada, pois já não sei onde pouso pensamentos tão densos e cansados. E a verdade é que, apenas voce, minha amiga, vem segurando a minha mão. Ainda é tão pequeno o gesto, e tão raro,já que sempre faço questão de mostrar-lhe os dentes e para todos esses ao nosso redor, um semblante de felicidade aventureira. Mero engano. Mas acredito conseguir enganá-lo, ele o amor perdido entre as sombras. Acredite que ele desedenha do fato de eu estar rastejando, como se eu jamais tivesse sentimentos para isso...como se eu fosse inferior a tudo que jamais conseguiria sofrer de verdade. Me magoou, novamente. Sou tão fraca, que após a traição, após o golpe bem aplicado nas costas, ainda me falta vergonha e orgulho para seguir em frente e e me contentar com as efemeridades de outros que me devotam flores e poesias. Não, eu não consigo olhar para ninguém como olho pra ele. Ainda que cada vez que eu o vejo,enxergo mentira, hipocrisia, falsa moral, falso romantismo e um oportunismo danado de preenchimento da única coisa que lhe importa: O próprio Ego. Ainda assim, não consigo arrancar as correntes que me ferem tanto e que me prendem a cada lembrança dele que acalenta e essencializa a alma que vos fala. É triste? Sim, pois me parece que eu jamais conseguirei sentir nada além disso...e tudo me parece mera distração barata e desejo doentio de fortalecer a vaidade e esfregar na cara daquele que não me confiou e me deixou tão só,que posso substituí-lo. Ilusão. Fica um buraco enorme e todos os dias quando acordo, aposto que as lágrimas encheriam bem o cálice com o qual ele lava o seu rosto ao acordar.
Talvez seja doentio, mas o que quero lhe dizer é que...sinto vontade de adormecer e não acordar mais. Ou simplesmente me entregar ao efemero, ou simplesmente desligar-me por completo dessa idéia de amor. Ou nada. Na verdade eusó queria que ele me salvasse. Mas ele nem é mais aquele quem eu conheci. E talvez já não fosse desde a época que me abandonou. Mas eu insisiti, acreditei, e vivi tudo novamente. Agora eu já não sei o que faço que não seja chorar e lamentar por todas essas lembranças que me adoecem.
Minha cara amiga, eu preciso que continues segurando a minha mão, e me faça rir todas as vezes que eu ousar pensar em abandonar essa vida, aliás, como voce mesma disse, ele está vivendo...e jamais morreria por mim. E eu, preciso aprender a viver ainda que com este vazio eterno.
Voce não sabe o pior, encontrei-o no mercado ontem, e ele estava já com outra...e cada dia é uma. Cada dia um entretenimento diferente que ele pode usar na hora que bem quiser e finalmente posso ver o quanto sou insgnificante. Lhe pergunto agora porque estou aqui rastejando, me humilhando com palavras saudosas e ciumentas enquanto tudo que Josh sabe fazer é satirizar e ignorar a minha dor.
Por favor, me ensine a sorrir da minha própria miséria, querida amiga. A sua garagalhada me inspira a esquecer tudo que pesa.
Com um pouco de azedume e uma leve preocupação com o ridículo,
Likka"

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Para o Infinito (Patrícia Polayne)

(Essa música diz tanto de mim nesse instante...)

Voa, moça!
Corre ou fica?
Em nenhum lugar está o mar...

Tudo multiplica o verso
Sinta o tempo que já está por vir,
No fim, vai em nós
Para o infinito...
Para o infinito...

Se essa moça brinca, a vida passa
E não tem mais como voltar
E, se ela fosse séria,
A vida amargaria
Então, como seria,
A moça que quer se salvar?

Nada vai dividir dor nenhuma
Sinta o peso quando for cair
Em si...

Tudo multiplica o verso
Sinta o tempo que já está por vir,
No fim, vai em nós,
Para o infinito...
Para o infinito...

É hora de partir!
É hora de deixar de lado,
O medo desse pensamento voar...

De volta.

Tem dias que a gente deseja que as palavras saltem da boca, corram pra longe, se afundem em águas agitadas e, finalmente se afoguem e adormeçam pra sempre.
Eu nem consigo mais escrever, como antes...mas todo dia tenho vontade de falar, tanta coisa...e desses tantos pouco é o que consigo dizer aqui. Mas esse pouco já alivia o caos expressivo da mente. E nesses dias em que há tanto pra dizer em tanto silencio...tudo que eu preciso é desse baú abandonado de palavras soltas.


2012 é um novo ciclo...e eu prometo não voltar muito atrás. Só isso por enquanto.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Two door cinema club- What you know




In a few weeks
I will get time
To realise it's right before my eyes
And I can take it if it's what I want to do

I am leaving
This is starting to feel like
It's right before my eyes
And I can taste it
It's my sweet beginning

And I can tell just what you want
You don't want to be alone
You don't want to be alone
And I can't say it's what you know
But you've known it the whole time
Yeah, you've known it the whole time

Maybe next year
I'll have no time
To think about the questions to address
Am I the one to try to stop the fire?

I wouldn't test you
I'm not the best you could have attained
Why try anything?
I will get there
Just remember I know

And I can tell just what you want
You don't want to be alone
You don't want to be alone
And I can't say it's what you know
But you've known it the whole time[...]

POr nada mesmo, só porque essa letra diz muito em tão pouco e eu adoro essa musiquinha =)
Yeah, you've known it the whole time

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

7(.)


Acho que hoje eu sei, o que é desapegar...
é não esperar nada no outro dia?
Não, não é...
é na verdade esperar tudo. Agarrar-se a cada segundo que se vive, sorridente,
simplesmente 'sentindo tudo' naquele exato momento,
porque é aquele momento que importa.
Você pode morrer no dia que ainda virá.
Em menos de uma semana tanta coisa pode acontecer e nem eu, nem você, seremos os mesmos.
Ah, eu demorei a entender que isso não me faria sentir menos,gostar menos, amar menos.
Mesmo quando eu decidi desacorrentar-me,
mesmo quando eu decidi ser livre, deixar livre,
apenas sentir,
eu ainda não sabia me dizer o que era desapegar.
O que vai além do libertar-se, o que vai além do libertar...
Eu estava nesse mesmo lugar quando te enxerguei escrevendo ali do outro lado e decidi usar-te,
ferramenta minha de desvínculo (num vínculo embalsamado),
e então eu simplesmente desejei jogar todo o meu rancor, e todas as minhas justificativas
para ser estupidamente egoísta.
No final de tudo, colou e descolou.
Colou que eu simplesmente me vi de novo 'enlaçada' num sentir,
um sentir que não desaparece,
fica,
perdura,
amadurece,
vive cada dia como o último.
Descolou quando eu me vi, assim,
 tão confortável em apenas crer
que cada dia é um,
e que eu espero qualquer coisa de você, sem magóa,
(ainda que eu tenha certeza de que eu vá chorar,afinal ninguém perde a arrogância do dia para a noite)
Um abraço, um adeus, uma despedida,
que seja, qualquer coisa, você também deve esperar o mesmo de mim.
Descolou o frágil suporte prepotente do egoísmo,
descolou porque hoje,
cada dia que se passa basta
cada dia é como se fosse um adeus, o último,
cada dia é como se eu me despedisse de você,
cada dia é como o dia anterior aquele em que decidimos nos ferir,
a diferença é que eu estou preparada,
pra ferir e pra ser ferida,
pra sentir, e pra dar as costas,
dando a cara pra bater,
a cada dia que eu acredito em você.
E o meu desapegar, me faz querer impulsivamente muito mais,
mais de hoje, mais de amanhã, mais de mim, mais de tudo,
ainda que eu não possa agarrar tudo com duas mãos,
me faz querer sentir tudo isso
e ter certeza de que,
não importa o que vai vir no outro dia,
eu SINTO de fato muito além do que podia imaginar,
e fui sentida muito além do que podia acreditar.
E entre ventos, encruzilhadas, e personagens fabulosos de um baralho ilustrado,
eu tenho sentido veemente em mim,
que não há distancia que me faça longe do que sinto,
nem do que sentes,
nem se houver quilômetros a nos afastar,
não há tempo ruim, enquanto sentir aí,
enquanto sentir aqui.
É  ausência que dói, é ausência que mata.
E desde que você prometeu me encher de presença,
onde quer que estejamos,
eu tenho esperado tranquilamente cada ligação, cada pequena mensagem de bobagens diárias,
e cada meia noite pra lhe desejar "Boa Noite" e mais um outro dia que chega.


[Pra não dizer que não respondo suas mensagens, e que é chatice pensar isso. Chata sou eu, certo?]

terça-feira, 23 de agosto de 2011

6(.)

O cachorro-totem e seu dono que o protege.

As vezes acontece da agonia me consumir e eu não saber exatamente como fazer, sem saber realmente o que significa tanta confusão rancorosa dentro de mim mesma,
e salto em gritos como um bicho enfurecido, pronto pra atacar mortalmente a sua presa,
consigo ver o sangue entre meus dentes cada vez que perfuro aquela carne...
e logo depois que a estraçalho, então eu volto a ser indefesa.
Indefesa não! Fera enlouquecida...mas que subitamente volta a ser o pequeno animal doméstico precisado de conforto, luz e atenção.
Como uma pequenina planta que precisa fotossintetizar, eu preciso tanto daquela luz,
Ela é minha também...
Logo depois de ser animal feroz, eu volto a ser o cãozinho indefeso,
vou e volto com meu amigo-dono, fico ao redor dele...com aquela sensação heróica de protege-lo mesmo que eu seja tão pequeno...
Olho nos seus olhos e vejo toda a ternura e paciencia que ele me devota,
penso que me olha assim, por ter se arrependido um dia de ter me posto na rua e me deixado no escuro quando eu ainda era filhote...
Mas não, talvez ele nem tenha se dado conta daquela vez que me abandonou, ele estava cego,
cego e dilacerado por si mesmo, sem saber qual caminho seguiria dali pra frente,
pra condená-lo a pior dor,
 eu, seu minusculo cãozinho lhe perfurara a perna sem dó e sem compaixão simplesmente por ter ficado semanas sem comida,
quando meu querido dono estava em desatino de dor ferindo-lhe o cérebro,
eis então que ele pensou:
"Meu pequeno cão nem me suporta mais.
Vou deixá-lo seguir na escuridão."
E então fiquei ali,de mente rasgada na escuridão de um lamaçal sangrento.
Mas mesmo assim não sei qual versão da prosa é mais certa.
Sei da minha dor e sei da dor do meu dono.
E algumas vezes a doença me consome novamente...a raiva.
Vou e lhe ataco com todas as minhas forças, e logo depois de ver o seu sangue correr
sou eu mesmo que estou lá, lambendo-lhe as feridas,
suplicando para que aquele olhar não mude,
e para que ele jamais esqueça, que eu sou muito além do animal doméstico que qualquer um pode ver quando meu belo dono passeia comigo.
Sou o único que pode lhe protejer de todo o desagrado da sua existencia miserável,
aliás somos dois cachorros, limpidos , belos, é claro,
mas miseráveis e solitários...
e eu sempre quero ser o seu Totem.
Ainda assim, não sei até quando vamos resistir um a doença do outro.