quarta-feira, 17 de agosto de 2011

(4) .

"IRA"
Pior do que não conseguir escrever, pra mim ,é não conseguir chorar.
O pior de mim mesma vem quando eu não consigo vomitar a dor em choro,
mas quando apenas dói, é mais fácil chorar.
Chorar, calar e adormecer logo então.

O que rasga em pedaços, em mim, não é o desespero.
É  sim,a raiva.
Raiva. Frustração. Acidez. Pequenos Lapsos de ódio indo e vindo parecem o momento em que um viciado em heroína permanece sem a droga.
Aparentemente interminável,indizível,esquizofrenico,enlouquecedor.

Não consigo chorar,nem gritar,nem adormecer.
Sou apenas tremor, de ponta a cabeça,sibilando rancor
como um serpente sem o gosto da presa.
É destrutível,destruidor, o pequeno momento em que sinto em mim apenas raiva,
Ira...
Sem tristeza, sem choro,quando eu preferia que houvesse.
Só assim talvez eu conseguisse expressar tudo,
aquilo nem mesmo as palavras conseguem,
nem numa folha inteira de riscos cegos,
nem no rasgo agressivo da mesma folha logo após.

Há como descrever a dor, quando sinto,
mesmo que somente eu entenda
Não há como descrever a Ira. Ela é cega, incompreensível,
apenas surge...corroendo....cega.
Dura segundos,ou minutos, ou algumas horas de enxaqueca
e palavras grossas sendo repelidas num soco,
um soco de contra mim mesma,
sólida como a parede que os punhos empurram
Pesa o espírito cadente, jogado na confusão de sentimentos
e ainda assim ele persiste e volta a si...
mesmo que a sensação fique lá, por algum tempo
mesmo que se corroa e caia logo após, esquecendo de (quase) tudo.

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